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Dados que contam histórias

Dados que contam histórias

(#9) Sol, flor, carro

por Rita da Nova, em 21.01.16

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G:

- Como é que vais? De carro?

- Não. Vou apenas.

Todos os dias se encontravam ali, durante umas horas, mas ela não saía do sítio. Ele ia a todo o lado. Amavam-se muito, aproveitavam cada segundo juntos, mas ela tinha sempre inveja dele.

- Tens a certeza?

- Tenho, meu amor.

- De certeza que não me podes levar contigo?

- Não posso. Se te levo já sabes o que acontece.

- … eu morro, já sei.

Há quem ache que morrer por amor é bonito. Ela, naquele dia, teve a certeza que não. Amar era deixá-lo ir, conhecer o mundo, e mais tarde voltar para lhe contar tudo, com pormenores. Amar era deixá-lo ir e saber que ele voltava na manhã seguinte.

- Conta-me o que viste, então.

- Vais-te rir, meu amor. Eles lá têm os olhos em bico!

Riram-se os dois.

 

∞∞∞

 

R:

Tinha sido um drama para a meter no carro. Mudar de casa é sempre mais complicado para as crianças. Afinal, as crianças são como flores: ganham raízes tão frágeis que temos de ter cuidado até com o vento, para não as magoar.  

Margarida tinha ouvido dizer que no Porto chovia muito, que é mais difícil brincar lá fora porque, para além da chuva, faz frio. Os pais sabiam que era complicado fazer uma flor crescer sem sol, mas iam tentar. Nem que para isso tivessem de construir uma estufa na nova casa. 

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