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Dados que contam histórias

Dados que contam histórias

(#14) Martelo de tribunal, cesto de bebé, espiral

por Guilherme Fonseca, em 31.01.16

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R:

Dou como encerrada a sessão. POC.

O Juiz levantou-se, saiu pela porta lateral e sacudiu-se dentro da vestimenta. Ajude-me a tirar isto, mas é, grunhiu para uma administrativa que estava na sala.

Tirar uma criança à mãe, que raio de decisão. Será que alguma vez se iria perdoar? O seu primeiro instinto tinha sido o de fazer o que não tinham feito consigo: dar àquela criança a oportunidade de ter uma família, a possibilidade de chorar num ombro e de se aninhar num colo. Não há nada de bom nos centros de acolhimento e ele sabia-o melhor do que os outros Juízes.

Porque é que se tinha deixado convencer do contrário, então? Os argumentos do advogado eram bons, disso não havia dúvida. A jurisprudência era clara, mas mesmo assim não estava em paz com a sua decisão. Por que raio tinha dado continuidade a esta espiral de infelicidade?

 
∞∞∞
 
G:

Isabel estava na longa fila e ficava cada vez mais nervosa. Não sabia se era do tempo de espera, se do peso da barriga, se de ambos. Ela e mais 30 raparigas grávidas tinham de estar ali, em fila, à espera para saber o futuro. Não o delas. Da criança.

Era assim que funcionava. Todas as raparigas que ficavam prenhas, na penúltima quinta-feira do penúltimo mês, iam à Madame. E ela, olhando e cheirando a barriga delas, dizia o que a criança deveria ser. Era por isso que estava nervosa. E se ela dissesse “pobre”, “doente”, “marreco”… ou pior, nada. E se ela não dissesse nada?

Chegou a sua vez. Entrou na tenda e lá estava a Madame, velha e a tresandar a incenso. Aproximou-se e a Madame, sem lhe tocar, sorriu. Ela perguntou “Então?” e a Madame só disse “Médico”. E dois segundos depois completou com “Padeiro”. Isabel entrou em choque. "Médico" mais "Padeiro"? Poderia escolher? Encheu o peito e arranjou coragem para perguntar “Médico ou Padeiro?”. Já estava a ser levada para fora da tenda quando a Madame lhe respondeu “Não, querida. Médico e Padeiro”.

(#13) Livro, torre, ponto de interrogação

por Rita da Nova, em 29.01.16

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G:

Leu. Leu. E voltou a ler. Os gregos, os russos, até os estranhos. Leu tantos livros e não encontrou a chave da porta em lado nenhum. Nunca imaginaria que ao morrer fosse para aquele tipo de inferno. Uma torre, cheia de livros, de porta trancada. Estava preso, para sempre, numa torre de livros. E não conseguia sair.

Achou que se os lesse a todos a porta abriria. Mas não. Leu todos, metros e metros de altura deles, várias vezes, e nada. A porta estava trancada e assim iria ficar. Era como aquele, que já tinha lido umas 20 vezes, da rapariga dos cabelos compridos que o príncipe trepa. Mas aqui não havia príncipe e muito menos cabelos compridos. Estava careca de saber as histórias daqueles livros todos, era evidente que o seu final iria ser o de ficar ali. Ao menos que alguém a soubesse. Pegou numa pena e começou a escrever. Ou melhor, a escrever-se. E uma torre fechada, cheia de livros, que tinha sido sempre um inferno, tornou-se finalmente num paraíso.

 

∞∞∞

 

R:

Vives aí no alto dessa tua torre, como se soubesses tudo. Sabes que é preciso aprender? Que os livros fazem falta? Que te fazem questionar o mundo? 

Era sempre assim. Beatriz era chamada à sala do director de turma porque andava de miolos nas nuvens, a esvoaçar, e esquecia-se do que era realmente importante. Ou do que eles achavam que era realmente importante.  

Beatriz chegava a casa, mostrava o recado à mãe, levava um raspanete ficava de castigo. Mandavam-na alimentar as galinhas e pentear os cavalos, como penitência. 

Sabes, Pintada, dizia ela à sua galinha preferida, estou farta de me portar mal, mas se não o fizer não tenho desculpa para vir brincar convosco… 

(#12) Peça de xadrez, mancha, pasta

por Guilherme Fonseca, em 27.01.16

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R:

António olhou a pasta castanha pousada à porta de casa. Sabia que se a abrisse iria encontrar cadernos, material de escrita, folhas soltas e uma agenda; mas não vontade. Essa tinha desaparecido sabe-se lá para onde.

Deitou um último olhar à sala. Podia passar o dia inteiro a jogar xadrez consigo mesmo. Sempre seria mais interessante do que ir para aquele sítio, fazer aquelas tarefas, ver aquelas pessoas. A mãe dir-lhe-ia que não manchasse a sua vida profissional, que tinha quarenta anos e que, se não atinasse, ninguém lhe pegava.

Que se lixe, pensou. Antes fazer xeque-mate à minha vida profissional do que passar os dias a ser peão de alguém.

 
∞∞∞
 
G:

É um raio de um lar. Um lar onde as pessoas vão para morrer. Onde há camas, roupas e histórias por lavar. Se é um lar porque raio tem regras de prisão? “Não pode entrar com X, não pode levar Y.” O seu pai tinha apenas um prazer na vida, se levasse uma peça por visita só precisava de 32 vezes a enfiá-las na pasta de trabalho sem que nenhum enfermeiro as visse. Depois, se o seu pai nunca precisasse que lhe mudassem os lençóis, não levantavam o colchão e estavam descansados.

O tabuleiro foi o mais difícil. Levou-o enfiado nas calças e disse que tinha uma dor de costas. A enfermeira mestre ainda lhe pôs as mãos nos ombros para o massajar mas ele fugiu, ouvindo gritos de “você é mesmo como o seu pai, não se lhe pode mexer em nada!”. Ele sabia o que o pai queria. E conseguiu. Não é que as últimas palavras dele foram “xeque-mate”?

(#11) Relógio, gato, microscópio

por Rita da Nova, em 25.01.16

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G:

Passava horas, horas, a olhar para aquele aparelho, a ver coisas pequenas, pequeninas e microscópicas. Ninguém via tão pequeno, durante tanto tempo, como ele. Mas mesmo assim não conseguia descobrir que pormenorzinhoito tinha feito com que ela ficasse chateada. Que será que foi? Nem com a bata mais limpa e o microscópio mais potente conseguia ver a célula do problema, o átomo da discussão.

Anos a estudar biologia e em 2 segundos de química tinha perdido a mulher que amava. Como um gato que pede festas e ao fim de 3 morde e foge. Aí estava um problema que não sabia resolver. Por muita solução que tivesse, ele não a encontrava. Não havia caixa de petri suficientemente grande para meter a relação dele. Só sabia que a doença que tinha apanhado se chamava paixão.

 

∞∞∞

 

R:

O relógio marcava as quatro horas. Não da tarde, da manhã. Quatro horas da tarde é uma hora aceitável para estar a pensar em coisas estapafúrdias; quatro horas da manhã não tanto. Às quatro horas da manhã podemos estar a sonhar com coisas estapafúrdias, mas não a pensar nelas.  

Não sabia como é que aquela ideia se tinha formado na sua cabeça, mas quando deu por si já estava na despensa em busca do microscópio que lhe tinham oferecido quando era criança.  

Se conseguisse provar que aquele cabelo ruivo era, sabe-se lá, de um gato, então podia concluir com toda a certeza que ela não era real. Só quando montou o aparelho é que se lembrou de que não era cientista. Sabia lá ele distinguir as células humanas das animais. Olhou para o relógio. Quatro horas da manhã.  

Ia mas é deitar-se e aceitar o facto de ela ser demasiado verdade para ser mentira.  

(#10) Velhota, gaiola, intrigado

por Guilherme Fonseca, em 23.01.16

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R:

A aldeia vivia com medo daquela velhota. Muito curvada, de expressão seca, vagueava pelas ruas estreitas sem nunca falar. Nem sorrir, nem olhar ninguém nos olhos. Corria o mito de que ela nem sequer os tinha, que ali havia duas pedras negras a tapar o buraco.
Felícia e Agostinho tiveram de a seguir um dia. Passavam os dias intrigados e, ao contrário do resto da aldeia, não tinham medo. Estavam apenas curiosos, como boas crianças que eram.
Discretos e aos cochichos, lá a seguiram até casa um dia, na esperança de resolver o mistério. Deixaram-na entrar, esperaram que tivesse tempo de se pôr à vontade, e ganharam coragem para espreitar pela janela.
Aquilo que viram pôs-lhes o coração a bater mais forte, quase tão forte como as asas dos pássaros que esvoaçavam naquela sala. E a velhota, numa festa de cor e penas, rodopiava com eles, ao som da música que eles chilreavam. Naquela casa não havia gaiolas; não era preciso. Os pássaros eram tão felizes com ela, que nunca quereriam fugir. E a velhota era tão feliz com eles, que não precisava de amigos humanos para nada.

 
∞∞∞
 
G:

As duas crianças estavam agachadas, no parapeito da janela, a olhar para a gaiola vazia.
Juro-te!” disse Henrique.
Isso é uma estupidez.” respondeu-lhe a Luisa. Todos os dias a mesma investigação, nunca chegavam a nenhuma conclusão. Hoje o Henrique tinha uma.
Ouve… de dia o pássaro desaparece, não é?
Sim.
E de noite, ele está lá… mas e a velha?
A velha desaparece.
Então! Se eles nunca estão no mesmo sítio ao mesmo tempo… ela é o pássaro!
Oh, isso é parvo. Como é que ela é o pássaro, mano?
É ela, juro-te! E depois durante o dia transforma-se para andar pela rua.
A refilar connosco”.
Riram-se os dois. Atrás dele, de repente, ouviu-se barulho de madeira a ranger. Viraram-se ambos, devagar. Era a velha, que os olhava de mãos nas ancas, e que depois de alguns segundos abriu a boca e só disse “piu”. O Henrique e a Luisa fugiram a correr. E juram que enquanto desciam as escadas, conseguiam ouvir a velhota a rir.

(#9) Sol, flor, carro

por Rita da Nova, em 21.01.16

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G:

- Como é que vais? De carro?

- Não. Vou apenas.

Todos os dias se encontravam ali, durante umas horas, mas ela não saía do sítio. Ele ia a todo o lado. Amavam-se muito, aproveitavam cada segundo juntos, mas ela tinha sempre inveja dele.

- Tens a certeza?

- Tenho, meu amor.

- De certeza que não me podes levar contigo?

- Não posso. Se te levo já sabes o que acontece.

- … eu morro, já sei.

Há quem ache que morrer por amor é bonito. Ela, naquele dia, teve a certeza que não. Amar era deixá-lo ir, conhecer o mundo, e mais tarde voltar para lhe contar tudo, com pormenores. Amar era deixá-lo ir e saber que ele voltava na manhã seguinte.

- Conta-me o que viste, então.

- Vais-te rir, meu amor. Eles lá têm os olhos em bico!

Riram-se os dois.

 

∞∞∞

 

R:

Tinha sido um drama para a meter no carro. Mudar de casa é sempre mais complicado para as crianças. Afinal, as crianças são como flores: ganham raízes tão frágeis que temos de ter cuidado até com o vento, para não as magoar.  

Margarida tinha ouvido dizer que no Porto chovia muito, que é mais difícil brincar lá fora porque, para além da chuva, faz frio. Os pais sabiam que era complicado fazer uma flor crescer sem sol, mas iam tentar. Nem que para isso tivessem de construir uma estufa na nova casa. 

(#8) Ponto de interrogação, bicicleta, elefante

por Guilherme Fonseca, em 19.01.16

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R:

Mas o que é que te preocupa tanto? Alguma vez vai ter de ser.

Bem sei, mas olha… é como o momento em que tens de tirar as rodinhas de apoio da bicicleta. Nunca sabes bem como e quando o fazer. E se for cedo e arriscares uma esfoladela no joelho? E se for tarde demais para as largar? Tira-se primeiro uma e só depois outra? Ou as duas ao mesmo tempo e seja o que Deus quiser?

Acho que estás a dramatizar. Pareces um elefante em pânico porque tem um rato à frente.

Tens muita graça. O que é que eu faço? Como é que eu deixei as rodinhas quando era pequeno, afinal?

Acho que foi uma de cada vez. Ou, se calhar, isso foi a tua irmã, não me lembro muito bem. Mas olha, uma coisa te prometo.

O quê?

Que mantenho a minha mão nas tuas costas enquanto precisares de mim.

 
∞∞∞
 
G:

Como assim não há uma para mim?

O João estava cada vez mais irritado. Tinha quase a certeza que comprara a bicicleta dele ali… mas não se lembrava.

Diga-me lá que modelos é que tem?” perguntou em desespero. De cidade, de montanha, de corrida, de acrobacias. Havia de tudo mas nada para ele. “Desculpe mas para alguém assim, não temos mesmo nada.” O João não queria ouvir mais. Ele sabia que havia bicicletas para ele. Que raio, ele tinha uma! Só não sabia onde a tinha deixado. Raio da sua memória. 

 

 

(#7) Relâmpago, olho, telemóvel

por Rita da Nova, em 17.01.16

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G:

Ana odiava trovoada. Odiava. Investigava sempre o tempo no seu telefone antes de saber se ia precisar de companhia nessa noite. Porque, por alguma razão sádica, parece que só há trovoada à noite, não é?

Ela sabia que nesse dia ia precisar de alguém mas não sabia de quem. Ligou, ligou, ligou e ninguém podia. Teria de estar sozinha. O pai atendeu mas só lhe disse “Ana, filha, a trovoada é como os gatos. Se a olhares nos olhos, ela vai embora”. A Ana encheu-se de coragem e nessa noite não se escondeu nos lençóis. Olhou os relâmpagos nos olhos. E não é que eram bonitos? Continuou a querer saber sempre o tempo. Mas agora sem medo, apenas com saudades.

∞∞∞
 
R:

Nunca antes se havia cruzado com tal par de olhos. Já os vira grandes, amendoados, pretos que mal se distingue a iris, azul-céu, muito pequeninos, disfarçados por óculos. Afinal, ser oftalmologista é mesmo assim: passamos a vida a fazer aquilo de que a maioria das pessoas tem medo – olhar os outros nos olhos.

Mas olhos daqueles eram cá uma raridade. Quem diria, olhos que lançam relâmpagos. Nem nos livros de medicina havia registo de tal coisa. E ele sabia bem do que falava: desde o dia em que recebera aquele telefonema, mais não tinha feito do que investigar. Passou os livros da biblioteca a pente fino, falou com especialistas, viu o Dr. House em busca de caso semelhante. Nada.

Que raio de coisas tem alguém de ver para que lhe saiam relâmpagos dos olhos, afinal?

 

(#6) Escada, lua/estrelas, luva/mão

por Guilherme Fonseca, em 15.01.16

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R:

Maria, que fazes de bicos de pés, empoleirada na janela? Sai já daí, olha que ainda cais!
A mãe vivia de coração nas mãos, tal o fascínio da catraia com tu do o que era corpo celeste. Sabia o nome das constelações, dos astros, dos planetas. Era uma sabichona de cabeça sempre na lua. Nem o telescópio que os tios lhe tinham oferecido no Natal servira para acalmar a vontade de Maria de se empoleirar na janela.
Um dia deram com ela na arrecadação, a revirar latas, caixas e prateleiras.
O que procuras?
Uma escada.
Uma escada?
Mas para que é que tu queres uma escada?
Então, enquanto não tenho idade para ser astronauta, pelo menos arranjo maneira de ir lá a cima.

 

∞∞∞

 

G:

- Eu só lhe quero tocar.

- E já conseguiste?

- Não. A minha mãe só me deixa usar o escadote quando está acordada.

- E então?

- E então? Então que de dia ela não está lá. A minha mãe segura o escadote, eu subo, e quando olho para cima...

- ...quando olhas para cima?

- Está lá o sol!

- Ah, pois.

- Eu juro que só lhe queria tocar. Não lhe ia fazer mal.

- Acho que...

- Achas o quê?

- Acho que já sei.

- Conta!

- Pensa comigo... quando está sol aqui, onde é que ela está?

- Do outro lado do mundo.

- E quem está do outro lado do mundo?

- Chineses?

- Exacto! Então, só precisas de parar de pedir ajuda à tua mãe e... pedir ajuda a um chinês!

- Boa! Mas... e agora onde é que eu arranjo um chinês?

(#5) Hambúrguer, coração, chave

por Rita da Nova, em 13.01.16

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G:

“É o costume?” Ele respondeu só que sim. Respondia sempre só que sim. Não tinha coragem de dizer mais nada. Ela era sempre simpática. E ele ficava sempre calado. Já nem o pedido fazia. Já era só “o costume” mirrando o número de palavras que lhe dizia. E ele queria dizer tantas. Muitas mesmo. “Bonita”. “Sorriso”. “Jantar”. “Hoje”. “Beijo”. “Sempre”. Eram algumas mas não saía nenhuma.

Ficou ao balcão a comer e a olhar para ela, como sempre fazia. Ele mastigava, ela sorria, ele engolia. Isto durante uma hora até se acabar o hambúrguer. Mas hoje algo foi diferente. Hoje, quando ela pegou nos pratos para os levar para a cozinha, deixou cair uma chave. E ele, aproveitando a quebra na rotina, falou-lhe. Mas nada saiu. O pedaço de hambúrguer que tinha na garganta não deixou sair uma única palavra. E pior. Não deixou entrar ar. E disso ele precisava mais do que de lhe falar.

Ela foi para a cozinha com os pratos. Ele ficou no chão com as palavras. E sem ar.

 

∞∞∞

 

R:

Ela tinha a certeza de que o hambúrguer iria resolver tudo. Era o último recurso que tinha e agora, depois de ter emborcado um Big Mac com batatas e ketchup, continuava a sentir-se vazia.

Antes do hambúrguer tinha sido um balde de gelado e, ainda antes disso, a tablete de chocolate. Junk food e comédias românticas curam tudo, tinham-lhe dito as amigas. Uma ova. Agora, para além de ter o coração aos pedacinhos, sentia-se gorda.

O tempo cura tudo, tinha-lhe dito a mãe, mas os dias passavam e o coração apodrecia mais e mais, qual cadáver deixado ao ar livre.

Depois tinham vindo os colegas de trabalho, cheios de soluções e projectos: do que ela precisava era de voltar a sair. Mas as ruas e as pessoas metiam-lhe medo e só serviam para a tornar ainda mais leve e insignificante. Pegou na embalagem do hambúrguer, pô-la dentro do saco de papel e deitou tudo ao lixo.

Não há cura para um coração partido, pensou. A chave para a sobrevivência é ir morrendo um bocadinho menos a cada dia.

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