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Dados que contam histórias

Dados que contam histórias

(#36) Torre, mancha, carro

por Guilherme Fonseca, em 22.04.16

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R:

Isto é ridículo, disse, no momento em que tomou conta do lugar do condutor. Isto não faz sentido nenhum, que disparate.

Olha, não queres vir, não venhas. Eu disse que podias não vir.

E depois tu ias ficar chateada.

Pois ia.

Vês? Então eu tinha de vir.

Nunca estás com os meus amigos…

E tinha que ser logo hoje? Tinha que ser assim? Tantos dias no ano…

Oh, não sejas assim… estamos tão engraçados!

Engraçados? Esta é máscara mais ridícula de sempre. Mancha de tinta?

Sim, querido. Cada um com a sua cor. A ideia é sermos todos uma palete, já te expliquei.

Pois já e continua a ser ridículo. Mas está bem. Para Torres apanha-se a A8, certo?

 
∞∞∞
 
G:

Estás a ver esta, esta aqui? Esta é nova! – disse o homem irritado.

Como é que distingue? – perguntou-lhe o jovem.

Porque sou guarda desta torre há 52 anos. Estaciono neste lugar há tempo suficiente para conhecer cada mancha, cada marca e cada risco que ele tem no capot! O velho guarda ficou a regougar enquanto o jovem se afastou dali. Estava farto de ter o carro todo estragado, sabia-se lá porquê.

Esperou pelo final do seu turno para fechar a torre mas naquele dia não se foi logo embora. Resolveu subir ao cimo da torre que todos os dias guardava. Observou a cidade toda lá de cima quando tirou uma moeda do bolso. Iria fazer como os casais apaixonados que ali subiam e pedir um desejo. Foi quando atirou a moeda da torre e desejou que lhe deixassem o carro em paz que percebeu que a próxima marca seria culpa sua.

(#35) Suspeitos, sirene, floresta

por Rita da Nova, em 20.04.16

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G:

São os pretos, não são? Eu sabia!

Aquela mulher começava a irritá-lo. Um trabalho é um trabalho, mas há uns que custam mais do que outros.

Vêm para cá e só fazem asneiras. Não é por mal, coitados. É cultural. Os pretos são poucochinho, sabe?

Queria levantar-se e dar um estalo na mulher mas não podia. Precisava do dinheiro do trabalho e ela além de racista era octogenária. Há coisas que mais vale deixar morrer, que resolver.

Andam para aqui e pisam-me as flores todas, sabe porquê? Porque lá na terra deles não há disto. É só areia e mais areia. Não podem ver nada que estragam tudo.

Pensou duas vezes antes de lhe explicar que não era preciso soar os alarmes, que eram apenas esquilos que vinham da floresta, mas não disse nada. Se aquela velha continuasse ignorante, o bolso dele continuava cheio.

 

∞∞∞

 

R:

Olha eles, os suspeitos do costume. Ângelo esperava os rapazes no sítio onde os esperava sempre e dirigiu-lhes a mesma frase de todas as vezes. Só que hoje, os miúdos não eram três, eram quatro.

Quem é este?

É o Gustavo, respondeu-lhe o mais velho. É o meu irmão…

O teu irmão? Eu sou o quê, agora, puto? Uma ama-seca?

Era a única forma de eu vir…

E como é que eu sei que ele não vai dar com a boca no trombone?

Eu tomo conta dele, patrão.

Espero que sim, senão dou cabo dos dois. Ora bem, vamos ao que interessa. O trabalhinho de hoje é à entrada da floresta. Vai lá estar um homem de bigode para vos entregar a encomenda. E já sabem…

Os miúdos responderam em coro: se ouvirmos uma sirene, fugimos

(#34) Pegadas, lobo, peça de xadrez

por Guilherme Fonseca, em 12.04.16

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R:

Vamos ter de operar, disse a senhora de bata enquanto segurava os resultados do raio X. Como é que ele engoliu isto?

Vou ser honesta consigo, Dr.ª, não sei. Tirei os olhos dele durante dois segundos e, quando vi, já estava engasgado.

Isto parece-me uma peça de xadrez, disse a médica, com um ar estupefacto.

E é. Um peão, para ser exacta. Não o posso deixar sem supervisão, é um terror. Move-se pé ante pé, sem fazer barulho nem deixar pegadas, e depois faz-me destas.

Olhe, teve sorte. Se fosse uma peça maior, um bispo ou assim, já não estava entre nós. Vou então fazer-lhe algumas perguntas para preparar a intervenção. Nome?

Octávio.

Idade?

Três anos.

Raça?

Lobo da Alsácia.

 
∞∞∞
 
G:

Tinha de se controlar. Estava em pulgas, excitado e honrado de finalmente ir à caça com o seu pai, mas quando se está no meio de uma floresta, de espingarda em punho, à procura de um lobo que nos matou galinhas, não podemos propriamente festejar. A euforia de finalmente estar a sós com o homem que mais admirava teria de ficar para depois.

Agora silêncio que se vai salvar o gado. O pai apoiou-se num joelho, remexeu o chão, e disse por ali. Já estava a ir na direção que tinha dito quando lhe perguntou - Como sabes, pai? O homem cofiou o bigode e respondeu - Caçar é como jogar xadrez, filho. Quando mexes uma peça estás a deixar uma pegada do caminho que queres fazer. O pai voltou a caminhar entre as árvores. O filho sorriu e saiu-lhe um Xeque-mate.

(#33) Bang, peixe, fogo

por Rita da Nova, em 10.04.16

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G:

- Fogo, parece a gozar!

- O que foi? – perguntou-lhe a amiga.

- O meu horóscopo! Está igual! É tudo verdade!

Isabel odiava aquilo mas há coisas que não dizemos aos nossos amigos. Há felicidades que não se estragam, por muito sépticos que sejamos.

- Não queres saber o teu?

- Diz lá, então.

- És o quê?

- Peixes.

E a amiga começou a ler. Tretas, balelas e merdas para fazerem uma pessoa sentir-se bem. Palavrinhas aleatórias, coladas com cuspo ao mês em que nascemos para nos sentirmos especiais. Ia dizendo que sim com a cabeça e com o sorriso até que ouviu aquela palavra.

- ...e é por isso que deve ter cuidado com o estômago.

Bang. E não é que o horóscopo sabia exatamente que notícia tinha para dar à sua amiga?

 

∞∞∞

 

R:

Tinha-se acabado tudo. E agora, enquanto via o fim a chegar e a levar tudo consigo, não podia evitar ouvir as vozes dos outros na sua cabeça.

A tua mania de não descansar, dir-lhe-ia a mãe.

A tua mania de não querer companhia à noite, dir-lhe-ia a namorada.

A sua mania de chegar tarde ao trabalho, que o obriga a ficar a fazer noitadas para acabar tudo, dir-lhe-ia o chefe.

BANG! A fachada do prédio ruía à sua frente, enquanto as chamas lambiam as paredes e tomavam conta do telhado. Seria quase bonito, se fosse num filme. Seria quase heróico, se tudo tivesse acontecido por qualquer outro motivo que não o de ter adormecido com o peixe no forno.

(#32) Banana, chuva, flauta

por Guilherme Fonseca, em 06.04.16

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R:

Pior do que casca de banana, meu filho, é o que lhe digo.     

Mas sente-se bem?

Só dorido. Os ossos já não são tão fortes como quando tinha a sua idade, sabe?

Oh, não diga isso. O rapaz nunca sabia o que dizer quando os mais velhos o atingiam com a sua juventude.

Digo sim! E só me apetece dizer asneiras! Mandar esses malcriados todos ter um filho pela barriga das pernas. Queria ver a casa deles, se é esta sujeira.

O rapaz olhou-o com alguma pena nos olhos.

Quer que chame alguém?

Não, meu filho. Quero que me ajude a chegar ali àquele músico, no outro lado da estrada. Gosto muito de o ouvir tocar flauta. Era, aliás, o que ia fazer antes de escorregar naquele pedaço de cartão empapado pela chuva.

 
∞∞∞
 
G:

O cu. Não havia outra maneira de chamar ao que lhe doía. Exatamente como acontece nos desenhos animados quando alguém escorregava numa casca de banana, tinha escorregado. Mas sem casca, só a dor no cu.

A chuva estraga tudo. A cidade fica escura e os carros param todos. De tal maneira que tinha optado por correr até ao concerto ao invés de conduzir. É verdade que a pé escorregava, mas de carro ainda estaria parado no mesmo sítio. Ajeitou a roupa, agora mais molhada, e correu. Correu, correu, correu até à Opera de Madrid. Pensou nas centenas de pessoas sentadas na plateia, prontas para o ouvir tocar. Pensou no chefe de orquestra a olhar para si com ar de mau por causa do atraso. E correu, correu, correu. Mas chegou.

Respirou fundo, abriu a porta e sacudiu a chuva do cabelo. A 10 minutos de começar chegou ao seu lugar na orquestra. Pôs a mão ao bolso para tirar a flauta mas nada. Não estava lá. Se tivesse de adivinhar, quase de certeza que estava onde lhe tinha começado a doer o cu.

(#31) Monstro, pássaro, veneno

por Rita da Nova, em 04.04.16

 

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G:

O choro do seu filho era o pior som do mundo. Os músicos podiam desafinar o que quisessem, aquele sorver de ar do seu filho quando chorava era a pior coisa que já lhe tinha entrado pelos ouvidos. E ele nunca tinha chorado, por nada. Tinha sido o bebé mais sossegado e calmo do mundo. Acordava durante a noite, sem barulho, só para ver se ele estava vivo, de tão silencioso que era. Mas hoje, pela primeira vez em 6 anos, ouvi-o a chorar.

Parou o que estava a fazer e olhou aqueles olhos cheios de lágrimas. Monstro, és um monstro! Não sabia o que dizer. Porquê, meu querido? foi o que lhe perguntou. A criança não parou de soluçar, apenas apontou para a horta que tinha à sua frente. Estás a pôr veneno nas plantas e os passarinhos morrem... és um monstro! O seu filho tinha razão. Parou de tentar proteger os seus legumes dos pássaros desde esse dia e nunca mais o ouviu chorar.

 

∞∞∞

 

R:

Desta é que ele não estava à espera. Tinha lido muito, testado ao pormenor. Em que componente tinha errado? Teria sido antes na quantidade? Podia ter ingerido uma dose maior do que devia. Mas ele tinha feito as contas, calculara tudo com base no seu peso e altura. Não só nos actuais, mas naqueles que queria atingir quando fosse, finalmente, um pássaro.

E agora isto. Que animal era ele, afinal? Isso interessava, sequer? As pessoas veriam em si um monstro, de qualquer das formas. Gastara anos de vida para conseguir fugir finalmente desta condição que o apertava, mas o antídoto tinha-se transformado em veneno.

 

(#30) Flor, documentos, cofre

por Guilherme Fonseca, em 01.04.16

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R:

Todos sabiam que ela não era boa da cabeça, mas foi preciso esperarem até à sua morte para terem real noção da sua loucura.

O testamento era incompreensível. O que raio era o tesouro, em que cofre estava guardado e, mais importante que isso, como se abria?

Aposto que são documentos importantes, dizia a Tia Ofélia, que mandava sempre a sua laracha em alturas destas (e nunca acertava). Houve quem achasse que fosse dinheiro e jóias, remédios que tirariam toda a família da miséria. Aquela egoísta, diria a tia Ofélia.

Encontraram o cofre numa parede falsa, no quarto em que tinha dormido toda a sua vida. E estava aberto. Aberto para que as flores pudessem respirar. Só aí perceberam porque é que ela tinha pedido que não lhe deixassem morrer o tesouro.

 
∞∞∞
 
G:

“Fugidia” era o que todos lhe chamavam. “Insatisfeita” era o que achavam que era. Mas ninguém a conhecia para saber porquê. Mais uma segunda-feira, mais um primeiro dia num emprego. Sentou-se na sua nova cadeira, ajeitou os documentos na sua mesa e pousou o vaso com a flor à sua frente.

Era o seu primeiro dia naquele banco. Iria entrar e sair daquele cofre, como tinha entrado e saído de cozinhas, salas de aula, salas de operação ou salas de reunião. As pessoas chamavam-lhe de tudo, ao verem o seu currículo aumentar com empregos e mais empregos. Patrões imploravam-lhe que ficasse, colegas choravam que não fosse, o que ninguém sabia é que quem ditava o tempo que ali ficaria, era a flor. Para ela, um emprego era como aquele ser: florescia o máximo possível até ser tempo de mudar de canteiro.

(#29) Elefante, árvore, algemas

por Rita da Nova, em 30.03.16

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G:

São 50? Ou 60? Tinha lido algures quantos dias uma pessoa aguentava sem comer mas já não se lembrava. Ainda bem. Melhor assim. Não ia largar aquela árvore por nada, nem por fome, apenas por justiça.

Quando uma pessoa se acorrenta a um pinheiro antigo porque o querem mandar abaixo ou se invade uma clínica porque testam produtos em animais, não o fazemos por nós, fazemo-lo pelos coelhos com champô nos olhos ou pelos elefantes a quem arrancam o marfim. Podiam ser 2 ou 100 dias que aguentaria sem comer. Não interessava. Para algumas pessoas, o que somos é muito mais do que aquilo que comemos.

 

∞∞∞

 

R:

José mal podia acreditar que era verdade. Piscou os olhos várias vezes, esfregou-as outras quantas. Ia, finalmente, ao circo. Já todos os colegas da escola tinham ido pelo menos uma vez, mas a mãe de José dissera que ele tinha de esperar até perceber bem as coisas. O que havia para perceber? Já tinha visto na televisão, no Natal, e tinha percebido tudo.

Agora que tinha a tenda ali, em frente a si, o coração começou a bater de felicidade, ao ritmo das palmas que ouviria dentro de minutos, quando entrasse no recinto e os palhaços tomassem o palco.

Podemos comprar pipocas?

Daqui a bocado, respondeu a mãe, enquanto segurava a sua mão com mais força e o desviava do caminho.

Vamos entrar por outro lado, mãe?

Não teve resposta.

José mal podia acreditar que era verdade. Piscou os olhos várias vezes, esfregou-as outras quantas. À sua frente, preso a uma árvore com algemas gigantes, estava um elefante. Um elefante a sério. Apertou a mão da mãe e olhou-a.

É isto que eles fazem aos animais no circo, José. Prendem-nos para eles não fugirem e batem-lhes para que se acalmem. Posto isto, ainda queres pipocas?

 

(#28) Telemóvel, gato, poço

por Guilherme Fonseca, em 16.03.16

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R:

Tinha sido culpa do gato. Era sempre culpa do gato porque, na maioria das vezes, o sacana acertava. Habituara-se a isso e, das vezes em que tentou ignorar, tinha-se dado mal. Por isso, corresse bem ou mal, era culpa do gato. 

Agora estava ali, no meio do bosque, à procura de alguma coisa, mas sem saber bem o quê. Nunca sabia ao que ia: o gato dava o sinal e ele seguia-o, até encontrar qualquer coisa. As pessoas chamavam-lhe herói, sem saberem que a culpa era do gato. 

O que haveria agora para si? Uma senhora para salvar de um assalto? Um cartel de droga para desmantelar? Soube-o quando chegou junto do poço e ouviu aquele som tão familiar, mas tão desenquadrado naquele ambiente. Triiiim, triiim. 

Lembrou-se de reformular uma questão que ouvira muitas vezes quando era criança: se um gato te disser para te atirares a um poço… atiras?

 
∞∞∞
 
G:

Ela de costas. Ele ali pousado, mesmo a jeito. Tão a jeito que metia nojo. Bastava um toque, tão pequeno que podia mesmo ser sem querer, que cairia para o fundo daquele poço. Podia sempre dizer que tinha sido o gato. Ela não saberia, que estava de costas. Tinha tanta vontade mas era tão errado. Metade do seu corpo dizia que não, a outra dizia que sim, e a sua mão, mais precisamente a ponta do seu dedo, estavam já a concordar.

Encostou a unha e fez um bocadinho de força. O telemóvel foi engolido pelo escuro do poço, em silêncio. Ela nem suspeitou. Perfeito. Teria agora a atenção dela, sem distrações. Ela iria olhá-lo nos olhos, sem os desviar de 20 em 20 segundos para aquele ecrã. Olhariam um para o outro como não acontecia há anos, pelo menos até ela se aperceber. 

(#27) Prato, triste, espelho

por Rita da Nova, em 14.03.16

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G:

Será que me podia dar uma pequena ajuda?

Mais uma vez perguntava, mais uma vez o ignoravam, ali sentado no seu canto, no seu pedaço de cartão. Havia quem o ouvisse a falar mas não ouvisse o que dizia. Viam-no ali sentado à entrada da estação de comboios, de mão estendida, e davam-lhe dinheiro ou comida. Uma vez até lhe deram um pão num prato, mesmo. Era de plástico mas era um prato à mesma. Ouvirem o que dizia é que ninguém fazia. Até que aquela mulher passou, puxando a sua mala cor de rosa.

Será que me podia dar uma pequena ajuda? A bela senhora parou e fitou-o. Claro. O sem abrigo perguntou - A senhora por acaso tem um espelho?. Ela respondeu-lhe - Sim, mas é pequenino - remexendo na mala. Estendo-o, o homem pegou nele e riu-se pela primeira vez em anos. Não faz mal, serve perfeitamente.

 

∞∞∞

 

R:

Alcina não conseguia controlar nenhuma das coisas. Por um lado, não sabia viver sem cozinhar. Há pessoas que nascem para determinada coisa e, mesmo que tentem fugir, vão sempre lá dar. Como Alcina.

Mas, por outro lado, não conseguia deixar de afectar os outros com os seus pratos. E não julgue o eleitor (ou o ouvinte, depende de como esta história for contada), que era uma forma de afectar normal. Não era só um "este prato fez-me o dia" ou "nunca comi coisa tão má na vida".

Alcina transformava os sentimentos daqueles que comiam os seus cozinhados. Porque aquilo que preparava transformava-se num espelho do que se passava dentro de si. Se estava triste, fazia as pessoas chorar. Se estava feliz, as pessoas dançavam energicamente enquanto comiam.

Alcina não conquistava ninguém pelo estômago. Tomava-lhes a alma e cozinhava-a a seu gosto.

 

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